sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Dissimular

Desde muito cedo aprendemos a mentir e a dissumular (não é a mesma coisa? Esse cronista está com preguiça de pegar o dicionario, sedentarismo é uma bosta mesmo) algo pra obter algo maior, é da especie humana. Dissimulamos uma doença incuravel pra não ir pra aula, dissimulamos não gostar de uma pessoa pra poder ficar com aquela que queremos, dissimulamos que não estavamos colando, que nem tinhamos reparado o caderno ali embaixo aberto. Não se sinta mal se já passou por todas essas situações, é da natureza humana isso! Eu mesmo já dissimulei tanta coisa, pra tanta gente, que tem horas que não lembro qual era o "personagem" que falava com aquela pessoa. O problema maior, agora, é que as pessoas dissimulam pra si mesma, elas não querem ver a verdade, afinal, pra que? Nesse instante que lê pensa em comentar algo xingando, mas vai dissimular e dizer que tá legal o post.

Dissimular coisas simples do dia-a-dia é normal, não me sinto mal por dizer que minha mãe tá bem vestida, ou que um texto que me mandaram tá perfeito... não que não estejam bons, mas é que sempre acabo achando que falta algo mais, eu sou chato com os meus escritos, imagine dos outros! Também não é raro eu receber photoshopagens de várias pessoas... normalmente estão bem feitas, muito bem feitas, mas tem algumas que, pra não desestimular a pessoa, eu dissimulo e digo que tá lindo, perfeito. Mas isso são situações habituais e que não fazem tanto mal... embora eu ache que vá perder alguns amigos com essa crônica, mas se não souberam ver além da crônica o autor o problema é delas! Eu vou seguir com a dissimulaçãozinha nossa de cada dia...

Porém (aprendeu já? Tudo que vem de mim tem um "porém", prefiro o "porém" ao invés do "mas" por ter mais peso e deixar a leitura com mais ênfase) há quem dissimule coisas mais... como posso dizer... hum... sentimentos. Isso não é certo, pois dissimular um sentimento (seja ele amor ou ódio, no fim das contas dá no mesmo) é brincar com outra pessoa. Uma coisa é dissimular à respeito de algo ruim que uma pessoa fez hoje e pode estar mal feito (seja mal feito mesmo, ou a minha percepção que está "desafinada" hoje), outra, bem diferente, é dissimular um sentimento que, por definição é bem mais que uma simples palavra. Sentimento (no caso do amor) é o que move esperanças, sonhos, desejos e, futuramente, dores. Dissimular ódio até não é ruim, embora fingir que odeie uma pessoa quando a ama pode ser extremamente desastroso quando se vê a pessoa "odiada" de namoro com outra pessoa.

Claro que a crônica é uma grande dissimulação, uma invenção, uma grande mentira. Eu mesmo estou aqui, dissimulando que escrevo...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Download

às vezes fico pensando no amor perfeito, pra mim, como um download... tudo vem perfeito, numa velocidade boa, quando tá em 99% a conexão cai e o link expira, daí você precisa sair procurando outro link.. e isso demora. Quando eu finalmente acho um link o servidor é o pior possivel, vem bem devagar, mas tudo bem, vou rezando pra conexão não cair e sempre que chega a 99% ela cai.

Não que eu seja chorão demais, ou exija demais, eu apenas queria terminar meu download em paz e tranquilidade. Mas cada dia que passa a taxa de transfêrencia só piora... mas continua baixando, porém (sempre ele!) quando está chegando, sempre acaba caíndo, se em 90%, 96% ou 99%... tanto faz.

Sabe quando você espera pra baixar aquele filme que ficou meses esperando? Que você viu todas as fotos da produção, viu os Hotsites, viu TODOS os trailes e cenas que vazaram na net, mesmo aquelas legendadas em japonês tu viu, e quando, finalmente aparece pra baixar você começa a baixar ânsioso, tá vindo bem... o link é ótimo, sua conexão a mais estavel do mundo... terminou de baixar! Festa! Você abre e... sem as legendas! Você acha outro link, certifica que tem as legendas, afinal quer entender o filme... sofrido mas baixa enfim, mas hein? A qualidade da imagem é péssima.. alguem gravou no cinema e upou! Que bosta, só tem cabeças na frente da imagem! Quando enfim acha um link do DVD-RIP em PT-BR (gravado do DVD em Português-Brasil)... o servidor é o pior, mas tudo bem, o filme compensa! Go go go! Lá vem... 97%, você já roeu todas as unhas, já ouviu trezentas e quarenta e duas vezes a trilha do filme, já repassou todas as imagens e trailers só de ansidade, 98% você estourou pipoca, ficou sofrendo pra entender as instruções de como instalar o Home-Theater no PC mas finalmente instalou... 99%, corre buscar um guaraná, quando volta tá quase lá, ultimos MBs... tensão grande e... as luzes do modem se apagam, sua conexão caiu e seu download já era.

Irritante. E o exemplo mais ainda, eu sei. Mas é assim que vejo o amor perfeito. Algo lento e que sempre vai acabar caindo, mais cedo ou mais tarde. Se for mais cedo ótimo, tem mais tempo pra se começar outro... se bem que...

E se o amor perfeito for um Sistema Operacional (tipo o windows), cheio de coisinhas pra baixar a parte e eu estar baixando justamente a versão completissima até com lupa (sério, existe um recurso de lupa no windows, pra pessoas de mais idade poderem usar também) e eu baixando a full sendo que existem diversos links em bons servidores com versão menor... vamos tentar esses daqui...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Fila do Açougue

essa é meio antiga, eu tinha prometido pra mim mesmo escrever uma crônica nova sobre o amor... massssssssss não saiu, então vamos com essa velha que escrevi à alguns anos na fila do mercado...



Uau, que fila!

Quantos tem na minha frente... 'um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez... onze!' Onze pessoas na minha frente. Provavelmente atraidas pelas mesmas ofertas que eu. Bah, maldita televisão que "propagandeia" os preços e lota as filas dos açougues.

Aquela 'tia' ali na frente ta comprando meio estoque... assim não vai ficar nada pra gente aqui atrás.

Ahhh agora não sou mais o ultimo, entrou uma moça atrás de mim. E que moça... morena clara, roupa de ginastica, cabelos longos, coxas bem torneadas... uma maravilha de mulher. Vou puxar assunto... mas, o que falar? "Os preços estão bons né?" Nããão... isso não! "ê fila hein..." não, isso também não... os outros "participantes" da fila poderiam se sentir ofendidos e passar a me olhar torto.

Menos duas, agora um homem aparentando seus quarenta, quarenta e cinco anos está escolhendo seus "pedaços de cadaveres". Solto um riso, a gente se alimenta de outros seres mortos... portanto a gente come cadaveres! Depois passa uma matéria na televisão em que determinada tribo do oeste de algum país da Africa come carne humana e todos ficam horrorizados. A gente "normal" não fica nada atrás, apenas comemos outros cadaveres.

Hum... esta aí, podia puxar esse assunto filosofico com a moça atrás de mim. Nãão, ela faz academia. Não deve nem ter se dado conta que comemos cadaveres, nem deve ligar. E além do mais ela não vai nem entender o assunto e vai ficar achando que sou louco.

O homem saiu, entrou no seu lugar uma senhora de, no minimo, sessenta anos. Coitado do açougueiro, tem que debruçar por cima do balcão pra ouvir a senhora. Ela compra um saquinho de cadaver e vai embora feliz.

Volto a olhar para minha "deusa morena". Olho discretamente, claro. Mas se ela encrencar eu digo que sou estrabico, que na verdade eu estava olhando para a prateleira lá do outro lado, tentando, em vão, ler o preço do pão de forma.

Já sei!!! Vou perguntar as horas. Ótimo! Como não pensei nisso antes? Olho para o meu relogio no pulso. Faço uma careta. Trago-o proximo do ouvido finjindo que a pilha acabou. "Droga" digo baixinho, mas alto o suficiente pra "minha" morena ouvir. "Que horas são, por favor?" digo olhando fixamente pra ela. Ela abre o celular que até então eu não havia percebido, lê o horario. "Seis e trinta e quatro..." senti que não fui só eu que pensava em puxar assunto mas não sabia com o que. "Obrigado..." respondi olhando firme nos olhos dela com um pequeno sorriso de agradacimento. "... nada" disse ela. "Nada"??? O que ela quis dizer com "nada"? ahh sim... "nada" de "disponha".

Dou um riso pequeno enquanto me viro pra ver a quantas anda a fila da carne. Mais uma, duas, três... quatro pessoas ainda.

Me viro para a moça que ainda não sei o nome. "fila demorada..." "pois é... mas olha atrás de nós... -ela disse 'nós', então já somos um só- tem muito mais gente." "Verdade..." respondo ainda não acreditando que eu e ela já somos um só. "Próximo" ouço a voz caracteristica do açougueiro. Não, ainda não é minha vez. Penso em puxar outro assunto, esse durou muito pouco. Me viro pra ela afim de perguntar se ela tem onde jantar hoje. Assim que me viro um homem se aproxima dela. Vem olhando fixamente pra ela. "Irmão..." eu penso. O homem, já chega dizendo "oi amor...". Droga, ela não é solteira! Dou as costas a ela em protesto. Sim! Eu estava bravo! Por que ela não disse que era comprometida antes da gente se envolver? Minha vontade era pegar a faca mais afiada do açougueiro e cravar nela.

"Próóóximo" minha vez. Desperto da minha, fertil, imaginação, compro meus cadaveres em bifes finos e saio para o proximo comprar seu cadaver.