quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Mexicana

Estava semi-nua, depois de vários dias com a pele exposta e rasgada era de se esperar que já não sentisse mais tanta dor quando aquela lâmina de fio extremamente afiada passa por seu ventre. Não daria a informação, mesmo que isso lhe custasse sua vida. Longe dela querer morrer, porém era tudo uma questão de prioridades: não queria morrer, no entanto, mais que isso, não queria entregar ninguem. Jamais entregaria seu bando para os cães de Escobar. Dizem que em certo ponto até mesmo o cérebro entra em parafuso com a dor e acaba falando até mesmo as coisas que se controlou tanto para não contar. Esperava ou ser salva ou morrer antes disso. Mas como seria salva? Será que alguem do seu bando sabia que ela havia sido sequestrada? Não... ela havia saído daquele prédio ao sul de Tihuana por conta própria, já não conseguia mais sustentar aquela condição de ver Cristina, nos braços de Ruan. Claro, eles formavam um casal incrivelmente perfeito e lindo... O que Carolina queria agora, era a segunda opção, logo. Foi quando o estampido se fez. Seguido de diversos outros, alguns curtos, secos - tipicos tiros de pistola - e outros mais longos - tiros de carabina. Ainda pode se ouvir alguns tiros cadenciados, metralhadora quem sabe? Perdeu totalmente a noção do tempo. Sorriu ao ouvir a voz de Cristina. Sorriu e deixou-se apagar em meio a dor que sentia. A primeira opção venceu. Mais uma vez a morte teria que esperar.