terça-feira, 12 de maio de 2015

Lápis

Enfim centrei o pensamento. Em um lapso de consciência desde que cheguei aqui me lembro de terem falado algo como ter um caderno em uma das gavetas. Meu corpo não respondia como eu queria, esse devia ser o preço dos remédios que me empurravam goela abaixo. Nunca caminhar três passos foram tão dificeis. Ao lado do caderno havia um lápis e não uma caneta, alguém aqui dentro devia saber a teoria da Janaína que canetas não tem sentimentos.

Com o caderno em cima da mesa tentei lembrar a quanto tempo estava aqui. Essa memória sumiu. Pior que ao pé da cama não haviam aquelas plaquetas de filme em que acompanhavam meu andamento e blá-blá-blá. Tentei posicionar o lápis entre os dedos, a mão tremia. Levei o que julguei ser dez minutos pra escrever uma linha. É, Helena, bem dizem que sempre é possível cair mais. Mas, uma hora se chega ao Japão e se volta a ficar no topo. Ao tentar escrever isso uma enfermeira entrou, ela trazia dois copinhos de café, mas sem café. Em um pilulas no outro gelatina de limão. Ao me ver ao caderno ela sorriu. Puta merda, ela tem olhos puxados. Será que cheguei ao Japão?

Tomei os comprimidos e ela me disse que logo eu dormiria e que uma boa ideia era eu ir pra cama e que, se fosse o caso, mais tarde ela me ajudaria a escrever algo. Antes de apagar perguntei o nome. Natália. Apaguei