segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Álibi IV - Epílogo

Sophia estava particularmente mais irritadiça que o normal. Como assim será que ela sabia de algo? Agora porque um crime ocorre na sua faculdade ela é obrigada a saber? E porque diabos Sérgio pegou esse caso? Tudo bem que ele é bom investigador, mas aí a acharem que ele é o melhor para caçar o caso mais complicado dos últimos anos nessa cidade? Era demais. 

O pior era que, por mais que tentasse, Sophia não se recordava com clareza a totalidade de suas ações naquela noite. Lembra de ter escrito o bilhete e de, horas depois, estar em casa jantando. Aquelas duas horas e meia de lacuna sufocavam-na completamente. Na última vez essas lacunas levaram meses e duas dezenas de alvos para aparecer, agora estavam aqui. No quarto alvo. Em frente do espelho do banheiro embaçado ela se encarava. Era um vulto do que já foi? Não tinha a resposta. 

Tudo que precisava, agora, era se acalmar. Respirar fundo e pensar nas próximas ações. Sophia passou a mão no espelho o limpando. A imagem ficou clara. Assim como seus pensamentos para pensar nos próximos passos. Seu noivo a esperava no sofá, uma bacia de pipoca no colo e um filme engatilhado. Embora o conceito gatilho não combinasse com o filme que Sérgio havia escolhido. Nos poucos trechos que prestou atenção ao filme notou que era um daqueles filmes de ação que todo mundo assiste mas não há nada para se absorver. Só explosões e erotismo barato.

Naquela noite não dormiu direito. Ou melhor, nem dormiu. Ao ser questionada da insônia pela manhã culpou alguns trabalhos de faculdade e a TPM, a sempre melhor desculpa para qualquer coisa adversa que uma mulher podia dar.

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